domingo, junho 09, 2013

ROPARUN 2013

ROPARUN – UMA AVENTURA PARA A VIDA!!



Este ano o Roparun, foi entre Hamburgo e Roterdão (566 km), mas com o mesmo objetivo de sempre. Com a corrida angariar fundos para a luta do cancro.
Eu já vou na minha 3ª participação, num sonho que começou em 2010, quando conversei com outros colegas, que durante anos tinham participado e contaram-me histórias fascinantes desta corrida solidária.
A Fundação Roparun já angariou muitos milhões de euros ( desde 1992 até 2012 foram quase 52 milhões!!), e aplica-os diretamente em projectos próprios bem concebidos e com muita transparência. Assim dá gosto de colaborar, porque sabemos que o empenho desportivo resulta diretamente nos projectos.

A minha equipa temos arrecadado cada ano por volta de 25 a 35 mil euros, o que este ano de 2013, mesmo em ano de “vacas magras”, vai ficar por volta desse número. Dia 07 de junho será conhecido o valor real deste ano.
A organização cada ano tem mais equipas interessadas em participar, mas a capacidade tem estado limitada a 275. Mas o ano passado fizeram uma experiência em partir 50 equipas de Hamburgo e 275 de Paris. Este ano alargaram a possibilidade de partirem de Hamburgo 100 equipas e 275 de Paris.
A nossa corrida, tinha este ano, dois grandes desafios, para além dos objetivos que atrás falei. Era o partir de Hamburgo (566km) e não de Paris ( 520km), e um percurso todo novo e toda uma organização logística nova, e outro aspecto era como funcionaria a equipa com 2 elementos novos, com a inclusão de um desses elementos ser feminino. Cautelosamente a equipa forneceu uma média de corrida de 12,1 km/h contra os 13,4  e 13,0 de anos anteriores. Uma maior distância havia mesmo que ver como as coisas iriam correr.

A nossa ROPARUN

A viagem iniciou-se na 6ª feira dia 17 ao fim do dia. Foram 23 elementos,  sim!! porque não existe só os (8) que correm e (4) que acompanham de bicicleta, existem os massagistas(3), os condutores das carrinhas (4),os apoiantes da equipa (2) os ajudantes de logística, comidas e transporte de tudo(2). A nossa equipa fomos pernoitar numa escola básica em Bremen. Um ginásio bem apetrechado, mas a sinfonia dos dorminhocos começou bem pela 1 da manhã. Maravilha dormir em grupo!!! Hahaha
No sábado tínhamos uma viagem curta, até ao nosso primeiro ponto de apoio. Zeven, uma pequena localidade a cerca de 80 km de Hamburgo. O quartel dos bombeiros voluntários locais foi o nosso local de apoio. Podemo-nos preparar para o 1º embate, comer, descansar, massagens, e pelas 15 horas lá fomos os elementos do nosso Team A, para o ponto de partida em Hamburgo. Heiligengeistfield , um campo bem na zona central de Hamburgo era onde estava montada a linha de partida, e a nossa equipa seria às 17;37 h, pois já desde as 12;00 h haviam equipas mais lentas a partir, e a última seria só por volta das 23;00 h.




O primeiro trajecto - O tempo estava chuvoso e nada agradável, mas a festa estava muito boa com a partida das equipas. Sim porque é uma festa a partida de 2 ou 3 ou 4 equipas! No momento, que os meus dois colegas partiram acompanhados dos colegas ciclistas acompanhantes, a chuva era intensa, forte e muito desagradável. Mas lá foram eles, e nós corremos para a carrinha, pois cerca de 14 km mais à frente tinha de entrar em acção !! E assim foi, felizmente com menos chuva entrei eu na aventura que passou por alguns bairros já fora de Hamburgo e começamos a entrar nos campos. Maravilha de sobe e desce, um ritmo fantástico, muitas vezes por volta dos 15 km/h e a chuva dissipou-se felizmente.  Fizemos ambos ( eu o meu colega) 15 km trocando a cada 1km. Bom ritmo e muita alegria de fazer esta corrida.
Eram cerca de 9 horas da noite, aconteceu o nosso primeiro episódio. Nessa altura era uma zona em que não podemos ser acompanhados pelas carrinhas e então há que fazer um dos que correm vai de bicicleta, e trocando  a cada km e só vai um dos ciclistas acompanhantes. Há, esqueci-me de dizer!, que os nossos ciclistas acompanhantes estão munidos de gps na bicicleta, que é bem melhor do que o sistema de folhas de mapa.
Bom, mas durante uns 4 ou 5 km, entramos nuns campos de depois num bosque e já era meio escuro, e fomos trocando e correndo, e o nosso acompanhante, teve uma ligeira quebra nas pernas, pois o piso era mais apropriado para fazer Trail, Cross, do que utilizar uma pasteleira normal. Ele disse vão andando que eu já os apanho,!! Ok vamos andando, porque logo de seguida iriamos entregar o testemunho ao Team B, e a nossa tarefa estava pronta nesse momento. Mas dou-me uns quase dois km à frente, que o nosso companheiro tinha ficado bem para trás, e já não o víamos por ser longe, noite e dentro de um bosque. Disse para o meu colega, entregar o testemunho ao team B, que estavam ali a 300 metros, pois eu via as luzes das carrinhas, e regressei eu de bicicleta à procura do colega ciclista. Ele não vinha e eu andando mais dentro do bosque e gritando o nome dele e o Jerry não dizia nada. Até que muito longo avisto o casaco de pirilampos vermelhos piscando e lá vinha o Jerry, que tinha tido uma quebra muscular e não dava para pedalar no meio daquele terreno. Fui busca-lo a mais de 1.500 metros dentro do bosque, e lá resolvemos o assunto. Todos diziam Viva o Roparun!!, e é assim mesmo é uma corrida que se não tiver histórias e enganos não é tão apreciada!!.
Voltamos a Zeven e fomos recompor esforços da nossa primeira investida, pois os primeiros 60 km estavam feitos. Duche quentinho, massagem, uma esparguete quentinha, e tentar dormir. Mas o Holandeses estavam empolgados e queriam ver o festival da canção, a representante da Holanda, dava finalmente chances a uma boa classificação com a Anouk numa boa melodia. E não deu para dormir nada, nem a Anouk venceu!, mas ficou bem classificada. E nós lá para as 2;30H da manhã tínhamos que ir render os colegas do Team B, já em Bremen.  

O segundo trajecto – Foi feito na região e cidade de Bremen, madrugada dentro, e os Alemães a não perceberem nada do que se estava a passar. Víamos na cara deles, verem dois ciclistas e um alteta a correr no meio, de vez em quando aplaudiam, os jovens que andavam nas noitadas, ou algumas buzinadelas de automóveis, mesmo que fosse de madrugada. Fiz em bom ritmo, ainda estava bem fresquinho e correu tudo normal, até às 6 horas da manhã, quando entregamos o testemunho aos colegas do Team B. Nós íamos para a localidade de Friesoythe, para mais um quartel de bombeiros voluntários locais.


 Aí veio um novo episódio deste Roparun. Chegámos pelas 6 horas da manhã ao local e para nossa surpresa haviam 4 pessoas dos bombeiros voluntários, com um pequeno almoço pronto, com café, pão ,sumos , pequenas sandwiches, foi uma bela surpresa aquela hora da manhã, para quem tinha muitos quilômetros já nas pernas. Depois o chefe do quartel, enquanto confraternizávamos com eles deu um pequeno discurso, e ofereceu em nome do presidente da câmara local, um envelope, com 100 euros, para a nossa campanha de angariação de fundos. Fantásticos estes bombeiros alemães. Ali descansamos um pouco, massagem, banho e prontos para seguir na próxima etapa. Já muito perto da fronteira Holanda/Alemanha.


O terceiro trajecto – Este seria um trajecto em que íriamos entrar na fronteira da Holanda.As planícies eram longas as aldeias distanciavam umas das outras e a paisagem era muito bonita.Estavamos a meio da manhã e dormir foi coisa que não aconteceu na última paragem. Estavamos massajados de fresco e prometia uma boa velocidade de corrida, o que veio a acontecer. Este trajecto marcou-me especialmente, pois por casualidade fui eu que passei a fronteira e logo em seguida passei o testemunho aos colegas do outro team. E nós fomos para o nosso 3º quartel de bombeiros, com direito a um excelente banho quente, deu para barbear, massajar, comer uma bela esparguete bem quentinha, regada com duas coca-colas, e dormir (finalmente!!) num local que estava escurecido, e que a nossa equipa de logística preparou com todo o cuidado. Era necessário, já estavamos com 24 horas de corrida, mais de 50% do percurso, e o corpo estava a desejar um reconforto.



O quarto trajecto – Fazer uma corrida na província de Drente foi algo que eu nunca tinha imaginado na vida!!. Os campos são lindos, as aldeias com umas casas mágníficas, onde os beirados dos telhados quase rasam o chão. Andamos por aldeias e campos agrícolas e por estradões de terrenos arenosos. Que maravilha!! Eu sentia-me bem, o meu colega estava a começar a dar algumas quebras. Especialmente quando tínha de iniciar os  trechos de corrida dele. Mas eu compensava, com a minha melhor velocidade. E já chegamos no final do dia perto de Almelo, onde havia a primeira grande festa, mas que seriam os colegas do outro team que íam ter esse previlégio de passar pelo meio de milhares de pessoas entusiasmadas e muitos grupo de música. Nós também lá passamos mas só para provar esse “cheirinho”de festa. Almelo foi o nosso acampamento. Fizemos um belo pique-nique, não haviam duches quentinhos, mas havia um enorme local para (tentar) dormir. E a partida para o nosso team estava programado, para a 01 da manhã para irmos render os nosso colegas, lá mais à frente.



O quinto trajecto – Antes da localidade de Apeldoorn, fomos substituir os colegas do outro team. Aí subiu-me um pouco a andrenalina, mesmo sem ter dormido, eram cerca de 02 da manhã, e eu imaginei passar nos bosques daquela região, onde já fiz várias provas (de 30 km) e adoro muito aquele ambiente. Aqui já encontrávamos muitas equipas, que foram por nós ultrapassadas, e de vêz em quando uma ou outra nos ultrapassava. Mas por saldo, era posítivo a nosso favor. Então foram muitos kilómetros, no silêncio da noite, numa Estrada nacional que atravessa todo aquele imenso bosque onde só as vozes dos atletas das equipas e darem sinal aos colegas, se ouviam. Era uma espectáculo de casacos iluminados com milhares de luzinhas vermelhas em forma de pirilampos . Que sensação fantástica. Eu fiz esta parte da corrida com muito entusiasmo, cheguei a fazer media de 14 km/h em muitos momentos!! A madrugada levou-nos por locais muito silenciosos e os passarinhos cantavam de alegria ao se aperceberem da nossa passagem. Que coisa maravilhosa.
Havia uma nova surpresa para nós. Fomos descansar para a localidade de Gorinchem. Para nossa surpresa, a team-captain, tinha tratado deste local mas deixou em segredo. Quando chegámos eram 6 horas da manhã num escola de desporto ( ginásio), com tudo à nossa disposição, sauna, duches, bicicletas de manutenção, local para descontração, com poltronas especiais. Formidável. Que veio mesmo na altura ideal. Já estavamos na 2a noite de competição, os massagistas já me tinham colocado vários “remendos” para me ajudarem nos músculos. Então foi mesmo a tempo este descanso, que até deu mesmo para dormer, cerca de 1 hora e meia…Wauuu!!  



O sexto trajecto – Este trajecto já começava a “cheirar” a Rotterdam. Iria ser muito longo, pois seria logo seguido do trajecto conjunto com todos os elementos do team. Mas as aldeias holandesas nesta região são lindas, típicas e de gentes muito simples. As explorações agricolas bem típicas com muitas vacas nos campos, o cheiro de estrume. Maravilha!! Um grupo de jovens, tomaram a iniciativa de fazem uma passagem simbólica na aldeia de Goudrian, com arcos alegóricos e tudo! Por casualidade fui eu que tive o previlégio de passar no meio daquela centena de jovens, com muita música e ainda dancei com eles e tudo!!....Arrepiante este entusiasmo e apoio!


O sétimo trajecto – A 35 km de Roterdão juntamos os dois Team’s (A e B), conforme manda o regulamento. Nessa altura teremos de fazer 7 com bicicleta e um vai correndo. A partir daí não é possível ter apoio de carros ou qualquer outro, mas a festa durante estes 35 km é grande. Barendrecht tem várias bandas de música, o presidente da câmara forma um palanque , para as equipas passarem por cima, e são ovacionadas por milhares de pessoas. É o ambiente do Roparun, onde neste trajecto todas as equipas, se juntam nos últimos kilómetros e dão um ambiente fantástico pelos locais onde passam. Aí a nossa velocidade é grande, trocamos a cada 500 metros, e “galgamos” aqueles kilómetros com ultrapassagem de muitas equipas. Aqui juntam-se as equipas que vêm de Hamburgo, com as que vêm de Paris.
Roterdão é uma cidade em festa, com milhares de atletas, mas infelizmente chovia e a festa não teve tanto brilho. No entanto uma ovação final muito bonita, para com todos que fizeram centenas de kilómetros é arrepiante. 





Em termos desportivos a nossa equipa concluíu os 566 km em 45 horas, 41 minutos e 24 segundos. Fizemos uma velocidade média de 12,4 km/h e fomos 11º entre 93 equipas que partiram de Hamburgo. Em termos monetários a nossa equipa conseguiu arrecadar 20 mil euros para a esta acção. O Roparun este ano conseguiu arrecadar 5, 5 milhões de euros. A luta contra o cancro continua, e o Roparun para o ano de 2014, se tiver saúde vai ser de novo uma realidade.